quarta-feira, 13 de junho de 2012

O Pentateuco. O livro de Levítico


A paz do Senhor amigos, seguidores e visitantes!
Vamos deixar hoje a aula expositiva, da turma de teologia Seifa, sobre o Pentateuco, e estudaremos o livro de Levitico. Espero que seja de grande proveito para todos que aqui passarem.
Um forte abraço! 
Pr: Welingtom Meireles

                                   
                                                            O livro de Levítico 
                                                                    Parte I
  Título e caráter: Na versão grega este livro recebeu o nome de Levítico porque ele trata das leis relacionadas com os ritos, sacrifícios e serviço do sacerdócio levítico. Nem todos os homens da tribo de Levi eram sacerdotes; o termo "levita" referia-se aos leigos que faziam o trabalho manual do tabernáculo.
Embora o livro de Levítico tenha sido escrito principalmente como manual dos sacerdotes, encontra-se muitas vezes a ordenança de Deus: "Fala aos filhos de Israel",
   As leis que se encontra em Levítico foram dadas pelo próprio Deus (ver 1:1; Números 7:89; Êxodo 25:1), de modo que têm um caráter elevado.
   A revelação que se encontra em Levítico foi entregue a Moisés quando Israel ainda se acampava diante do monte Sinai (27:34). Segue o fio da última parte de Êxodo, a qual descreve o tabernáculo.
   A seguir, Números continua com o conteúdo de Levítico. Assim, os três livros formam um conjunto e estão estreitamente relacionados entre si. Todavia, Levítico difere dos outros dois em que é quase totalmente legislativo.
   Assim como Êxodo tem por tema a  comunhão que Deus oferece a seu povo mediante sua presença no tabernáculo, Levítico apresenta as leis pelas quais Israel haveria de manter essa comunhão. O Senhor queria ensinar a seu povo, os  hebreus, a santificar-se. A palavra santificação significa apartar-se do mal e dedicar-se ao serviço de Deus. É condição necessária para desfrutar-se da comunhão com Deus.
Deus é santo e seu povo há de ser santo também. Israel deve ser diferente das outras nações e deve separar-se de seus costumes.
   "Não fareis segundo as obras da terra do Egito. Nem fareis segundo as obras da terra de Canaã". O pensamento-chave encontra-se em 11:44, 45; 19:2: "Santos sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo." A palavra "santo" aparece setenta e três vezes no livro. O tabernáculo e seus móveis eram santos, santos os sacerdotes, santas as suas vestimentas, santas as ofertas, santas as festas, e tudo era santo.
    A santidade de Deus impõe leis concernentes às ofertas, ao alimento, à purificação, à castidade, às festividades e outras cerimônias. Somente por seus mediadores, os sacerdotes, pode um povo pecaminoso aproximar-se do Deus santo. Tudo isto ensinou aos hebreus que o pecado é que afasta o homem de Deus, que Deus exige a santidade e que só o sangue espargido sobre o altar pode expiar a culpa. De modo que Levítico fala de santidade, mas ao mesmo tempo
fala da graça, ou possibilidade de obter perdão por meio de sacrifícios.
   Assim fica a divisão do livro de Levítico:
O assunto: SANTIDADE AO SENHOR.
1. Sacrifícios
2. Matéria dos sacrifícios
3. Funções e direitos sacerdotais em relação com os sacrifícios
4. O sacerdócio
5. Consagração de Aarão e seus filhos
6. Pecado de Nadabe e Abiú
7. Purificação da vida em Israel
8. Leis referentes ao puro e impuro
9. Leis referentes ao parto
10. Diagnóstico e modo de enfrentar a lepra
11. Leis de santidade
12. O grande dia da expiação
13. Sacrifício e importância do sangue
14. Pecados contra a lei moral
15. Regras para o sacerdote
16. Festas sagradas
17. Provisão para o tabernáculo;
18. O blasfemo
19. Promessas e ameaças
20. Votos e dízimos

O significado do livro de Levítico

Embora Levítico pareça árido e pouco interessante a muitos leitores, o livro tem grande significado e valor quando bem compreendido.

a)    Proporciona-nos um antecedente que torna compreensíveis outros livros da Bíblia. Se alguém deseja entender as referências aos sacrifícios, às cerimônias de purificação, às instituições tais como o sacerdócio ou as convocações sagradas, é necessário consultar o livro de Levítico. Sem a luz que Levítico jorra sobre a epístola aos Hebreus, esta seria um enigma.
b)    Levítico apresenta princípios elevados da religião. Conquanto muitas de suas normas e cerimônias já não estejam em vigor para o crente, ainda assim encerram princípios permanentes.
É notável que em Levítico se encontra o sublime preceito: "Amarás o teu próximo como a ti  mesmo" (19:18).
c) Finalmente, este livro tinha o propósito de preparar a mente humana para as grandes verdades do Novo Testamento. Levítico apresenta o evangelho revestido de simbolismo. Os sacrifícios da antiga aliança, especialmente o do grande dia de expiação, antecipavam o sacrifício do mediador da nova aliança.
    Para entender cabalmente o Calvário e sua glória redentora, temos de vê-lo à luz do livro de Levítico; este livro põe em relevo a verdadeira face do pecado, da graça e do perdão, e assim prepara os israelitas para a obra do Redentor.

• SACRIFÍCIOS

Como a revelação era o meio que Deus usava para aproximar-se de
Seu povo, assim o sacrifício era o meio pelo qual o povo podia aproximar-se de Deus. O Senhor ordenou: "Ninguém aparecerá vazio diante de  mim."
   Como se originou a idéia do sacrifício? O sistema sacrificial foi instituído por Deus para ligar a nação israelita a ele próprio. Não obstante, os sacrifícios remontam ao período primitivo da raça humana. Menciona-se o ato pela primeira vez em Gênesis 4, no caso de Caim e Abel. Provavelmente Deus mesmo ensinou os homens a oferecer sacrifício como meio de aproximar-se dele.
   A idéia ficou gravada na mente humana e o costume foi transmitido a toda a humanidade. Com o transcorrer do tempo, os sacrifícios oferecidos pelos que não conheciam a Deus uniram-se a costumes pagãos e a idéias corruptas.
   Não se sabe se os israelitas, antes de chegarem ao Sinai, conheciam e distinguiam claramente os diversos tipos de ofertas. Já como nação liberta da escravidão do Egito, já como povo da aliança, Israel recebeu instruções específicas com respeito aos sacrifícios.

O sistema mosaico de sacrifícios
1. Idéias relacionadas com o sacrifício:

O motivo básico dos sacrifícios é a substituição e seu fim é a expiação. O pecado é sumamente grave porque é contra Deus. Além do mais,             Deus "é tão puro de olhos que não pode ver o mal".
O homem que peca merece a morte. Em seu lugar, morre o animal inocente e esta morte cancela ou retira o pecado.
   Que significa o sangue? Ele é considerado o princípio vital. Não tem
significado em si mesmo senão como símbolo e demonstração de que se tirou a vida de um animal inocente para pagar pelos pecados do culpado.'"' Portanto, o sangue usado na expiação simboliza uma vida oferecida na morte. Ao espargir sangue sobre pessoas ou coisas, mostra-se que a elas se aplicam os méritos dessa morte.
   Esta possibilidade de alcançar a expiação do pecado mediante um sacrifício substitutivo evidencia a graça divina e constituía o coração da antiga aliança. Sem possibilidade de expiação, a lei permaneceria esplêndida, porém inatingível. Serviria apenas para condenar o homem deixando-o frustrado e desesperado. Se não fosse pelos sacrifícios,
ficaria anulada toda a possibilidade de que o homem se aproximasse de Deus, um Deus santo, e o antigo concerto seria urna desilusão. Por mais que o homem se esforçasse por cumprir a lei fracassaria por sua fraqueza moral.
   A segunda idéia relacionada com o sacrifício é a consagração.
   A idéia de mordomia ou administração dos bens materiais também se vê na lei, por exemplo, em certas ofertas de alimentos e no fato de que a melhor parte do animal era queimada sobre o altar. Ao devolver a Deus uma porção dos bens que lhe custaram tempo e trabalho, o ofertante reconhece que tudo é do Senhor.
   Também está presente a idéia de jubilosa comunhão com Deus nas ofertas de paz, pois o ofertante participada carne sacrificada em um banquete sagrado.
   Naturalmente se encontra também a idéia de adoração no sistema sacrificial. Sacrificar equivale a "prestar culto a Deus, atribuir-lhe glória por ser o Deus de quem dependemos e a quem devemos culto e submissão".
   Tipos de animais que se ofereciam: A lei não admitia mais do que estas cinco espécies de animais como aptas para o sacrifício: a vaca, a ovelha, a cabra, a pomba e a rola. Estes eram animais limpos; o animal imundo não podia ser símbolo do sacrifício santo do Calvário.
   Só eram sacrificados animais domésticos porque eram estimados por seus donos, caros e submissos. De outro modo não poderiam ser figura profética daquele que "como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a sua boca" (Isaías 53:7). O animal tinha de ser propriedade do ofertante. Finalmente, devia ser sem mancha,
simbolizando desse modo o Redentor sem mácula.
   A forma que se ofereciam os sacrifícios: O ofertante levava pessoalmente o animal à porta da cerca do tabernáculo onde estava o altar do holocausto.
  Depois o ofertante punha as mãos sobre o animal para indicar que este era seu substituto.
   O ofertante o degolava como sinal da justa paga de seus pecados.
  Segundo o tipo de sacrifício, todo o animal, ou uma parte dele, era queimado; o restante da vítima era comido na arca do tabernáculo pelos sacerdotes e suas famílias ou, no caso do sacrifício pacífico, pelos sacerdotes e pelos adoradores. 

                                                                O livro de Levítico 
                                                                         Parte II
 Tipos de ofertas

O holocusto

   O holocausto destacava--se entre as ofertas porque era inteiramente
consumido pelo fogo do altar; era considerado o mais perfeito dos sacrifícios. Conquanto tivesse o aspecto expiatório,
representava antes de tudo a consagração do ofertante, pois a vítima era queimada inteira para o Senhor. O termo"holocausto" significa "o que sobe", visto que o material sacrificado se transformava em outro, o  fumo e as chamas, que subiam a Deus como cheiro suave.
  Permita-se que os pobres oferecessem pombas ou rolas em lugar de animais de gado, de sorte que todos pudessem demonstrar sua consagração. Era tão grato a Deus o odor que subia da ave oferecida pelo pobre como o do novilho sacrificado pelo rico.

Obiação ou oferta de alimento

A palavra traduzida por "obiação" significa em hebraico "aproximação"; pois o crente deve trazer uma oferta ao aproximar-se de Deus.
 A obiação não era um sacrifício de animal; consistia em produtos da terra que representavam o fruto dos labores humanos: Incluíam flor de
farinha, pães asmos fritos e espigas tostadas. Provavelmente não era apresentada sozinha, mas acompanhada dos sacrifícios pacíficos ou de holocaustos.
Significava a consagração a Deus dos frutos do labor humano.
O ofertante reconhecia que Deus o havia provido com seu pão quotidiano. Oferecia-se o melhor que o ofertante possuía, e isto ensina que nossas dádivas a Deus devem ser de alta qualidade. Também a obiação ensina aos crentes que lhes cabe sustentar os que ministram as coisas sagradas.

Oferta de manjares

a) Deitava-se azeite sobre a obiação ou era ele incluído nos pães e bolos. O azeite é símbolo do Espírito Santo.
Quanto o crente necessita da unção do Espírito em seus labores diários para que o ilumine e santifique!
b)    Oferecia-se incenso com a obiação. O incenso representa a oração, intercessão e louvor.
c)    Eram ofertas sem fermento nem mel. A levedura  e o mel causam                fermentação e, de modo geral, são considerados símbolos bíblicos de corrupção.
d)    Adicionava-se sal à oferta. O sal representava incorrupção e pureza. Também era símbolo de amizade, de lealdade, de aliança perpétua (Números 18:19). Todos os sacrifícios deviam ser preparados com sal

Sacrifícios de paz

Era Urna oferta completamente voluntária. Seu traço característico residia no fato de a maior parte do corpo do animal sacrificado ser comida pelo ofertante e seus convidados em um banquete de camaradagem entre Deus e o homem.
Visto que era uma oferta voluntária, aceitava-se (excluindo aves)
qualquer animal limpo de ambos os sexos.

O sacrifício pelo pecado

Esta oferta destinava-se a expiar os pecados cometidos por ignorância e erro, inclusive faltas tais como recusar-se a testificar contra um criminoso diante de um tribunal ou jurar levianamente.
Como o sacrifício pelo pecado tinha o propósito de expiar as faltas, não se permitia ao ofertante comer a carne do animal, porém era dada ao sacerdote oficiante uma porção por seu ministério. Daqui vinha o ditado: o sacerdote come os pecados do povo. O sacerdote tinha de comer a carne no lugar santo para mostrar que o pecado havia sido
perdoado. Mas quando o ofertante era sacerdote, todo o corpo do animal era queimado sobre o altar do holocausto ou fora do acampamento; de outra sorte o sacerdote se beneficiaria com seu pecado comendo do sacrifício que ele próprio havia oferecido.

O sacrifício pela culpa ou por diversas transgressões

Conquanto esta oferta
seja muito semelhante ao sacrifício pelo pecado, era oferecida em caso de violação dos direitos de Deus ou do próximo, tais como descuido no dízimo, pecados relacionados com a  propriedade alheia e furto.
O ofensor que desejasse ser perdoado confessava com restituição ao defraudado e adicionando a isso uma quinta parte como multa tirada de suas possessões. Se não fosse possível fazer a restituição ao defraudado ou a algum parente dele, tinha de entregá-la ao sacerdote
Os sacrifícios incessantes de animais e a chama incessante do fogo do altar, foram sem dúvida propostos por Deus para gravar na consciência dos homens a convicção de sua própria pecaminosidade. E lembrava também do sacrifício vindouro de Cristo.
O sistema sacrificial não  tirava o pecado realmente,  "Porque é  impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados" (Hebreus 10:4). Somente o sangue do Filho de Deus nos limpa de todo o mal.
Não obstante, os sacrifícios tinham valor porque eram como uma promessa escrita de que Deus mesmo proveria o meio. Tinham valor simbólico até que Jesus oferecesse o verdadeiro sacrifício.
Ao depositar sua fé em Deus e em sua provisão, simbolizada pelo sacrifício, o crente era considerado justo (justificado pela fé).

                                                               O livro de Levítico 
                                                                       Parte III
O sacerdócio

 Descrição do sacerdócio : Considerando que Deus desejava que Israel fosse uma nação santa (Êxodo 19:6), nomeou a Aarão e seus filhos para constituírem o sacerdócio. Antes do êxodo, o chefe de cada família, ou o primogênito desempenhava o papel de sacerdote familiar mas a complicação dos ritos do tabernáculo e a exigência de observá-los com exatidão tornaram necessária a instituição de um sacerdócio dedicado totalmente ao culto divino. A vocação sacerdotal era  hereditária, de modo que os sacerdotes podiam transmitir a seus filhos as leis detalhadas relacionadas com o culto e com as numerosas regras às quais os sacerdotes viviam sujeitos a fim de manterem a pureza legal que lhes permitisse aproximar-se de Deus.
Os levitas eram os ajudantes dos sacerdotes. Por haverem sido resgatados da morte, na noite da páscoa, os primogênitos das famílias hebraicas pertenciam a Deus, mas os levitas, por seu zelo espiritual, foram escolhidos divinamente como substitutos dos filhos mais velhos de cada família. (Êxodo 32:25-29; Números 3:5-13; 8:17-19.)
 Os levitas assistiam os sacerdotes em seus deveres e transportavam o tabernáculo e cuidavam dele.

Funções dos sacerdotes:

a) Servir como mediadores entre o povo e Deus, interceder pelo povo e expiar o pecado mediante o sacrifício, e desse modo reconciliar o povo com Deus.
b) Consultar a Deus para discernir a vontade divina para o povo.
c) Ser os intérpretes e mestres da lei e ensinar ao povo os estatutos do Senhor.
d) Ministrar nas coisas sagradas do tabernáculo.

O sumo sacerdote

Era o sacerdote mais importante. Somente ele entrava uma vez por ano no lugar santíssimo para expiar os pecados da nação israelita. Somente ele usava o peitoral com os nomes das tribos e atuava
como mediador entre toda a nação e Deus. Somente ele tinha o direito de consultar ao Senhor mediante Urim e Tumim.
Embora o sacerdote em alguns aspectos prefigure o crente, o sumo sacerdote simboliza a Jesus Cristo.

Requisitos dos sacerdotes

Adquire relevo a santidade do sacerdote ao considerar os rrequisitos para o ofício. Era preciso ser homem sem defeito físico (21:16-21). Devia casar-se com uma mulher de
caráter exemplar. Não devia contaminar-se com costumes pagãos nem tocar coisas imundas. A santidade divina exige
daqueles que se aproximam de Deus um estado habitual de pureza, incompatível com a vida comum dos homens.

Vestimentas dos sacerdotes

Eram feitas do melhor linho fino e eram obra primorosa para que os sacerdotes estivessem vestidos com dignidade e formosura. Todos os sacerdotes usavam uma túnica branca que lhes recordava seu dever de viverem uma vida pura e santa. Também usavam um calção, uma faixa e uma mitra de linho fino. Além disto, o sumo sacerdote usava diversas vestimentas especiais. Sobre a túnica usava um manto azul que se estendia do pescoço ate abaixo dos joelhos. As orlas do manto eram adornadas com campainhas de ouro e romãs azuis que se
alternavam. Como a romã tem muitas sementes, é considerada símbolo de uma vida frutífera. As campainhas de ouro anunciavam os movimentos do sumo sacerdote à congregação fora do tabernáculo no dia da expiação. Desse modo sabiam que ele não havia morrido ao entrar no lugar santíssimo, mas que sua mediação havia sido aceita. Alguns estudiosos da Bíblia têm visto igualmente aí uma verdade espiritual para o crente. Segundo eles, as campainhas podem  representar o testemunho verbal, e as romãs, o fruto do Espírito. Estes dois andam juntos e devem ser de igual importância para o crente.
O éfode era uma espécie de corselete ou corpete preso por um cinto e ombreiras. Era feito de linho nas cores ouro, azul, púrpura e escarlate. Duas pedras sardônicas eram postas sobre as ombreiras do éfode. Cada pedra trazia gravados seis dos nomes das tribos. Assim o sumo sacerdote representava a todo o Israel no ministério da mediação.
 Sobre o éfode, na frente, colocava-se o peitoral. Era uma bolsa quadrada de aproximadamente vinte centímetros. Era a parte mais magnífica e mística das vestes sacerdotais. Tinham na frente doze pedras de diferentes tipos e cores; cada pedra preciosa tinha o nome de uma das tribos de Israel. De modo que o sumo sacerdote levava seus nomes ao mesmo tempo sobre os ombros, a parte do corpo que representa a força, e no peitoral "sobre seu coração", o órgão representativo da reflexão e do amor. Ele não somente representava a Israel diante de Deus mas também intercedia em favor de sua nação.
A verdadeira intercessão brota do coração e se realiza com todo o vigor. Sobretudo, é uma imagem de nosso grande Intercessor no céu, em cujas mãos estão gravados nossos nomes.
O sumo sacerdote usava dentro do peitoral o Urim  e o  Tumim,  que significam "luzes e perfeições". Eram empregados para consultar ao Senhor. Segundo se crê, eram duas pedrinhas, uma indicando resposta negativa e a ou resposta positiva. Não se sabe como eram usadas, mas é provável que fossem retiradas de algum lugar ou lançadas ao
acaso, como vemos às vezes, ao fazer-se uma consulta propondo uma alternativa: Farei isto ou aquilo? e, segundo saí Urim ou Tumim, interpretava-se a resposta.
No turbante (mitra) do sumo sacerdote estava colocada uma lâmina de ouro puro com as palavras "Santidade ao Senhor" gravadas sobre ela. Proclamava que a santidade é a essência da natureza de Deus e indispensável a todo o verdadeiro culto prestado a ele. O sumo sacerdote era a personificação de Israel e sempre era seu dever trazer
à memória de seu povo a santidade de Deus. As vestimentas manifestavam a dignidade da mediação sacerdotal bem como a formosura do culto mediante a harmonização das magníficas vestes com as cores do santuário.

O sustento dos sacerdotes

Os sacerdotes receberam doze das quarenta e oito cidades que
foram dadas aos levitas. Nem os levitas nem os sacerdotes receberam terra quando Josué repartiu Canaã porque o Senhor havia de ser sua parte e herança (18:20). Os levitas que cuidavam do tabernáculo e o transportavam recebiam o dízimo das outras tribos. Por sua vez, davam seus dízimos aos sacerdotes (18:28). Além disso, os sacerdotes recebiam a carne de determinados sacrifícios, as primícias, parte consagrada dos votos e os primogênitos dos animais. Assim se
mantinham bem, mas ao mesmo tempo não com tanta abundância como os sacerdotes de algumas nações pagas. Ilustra-se o princípio expresso pelo Apóstolo: "Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo?. . . Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho

Consagração dos sacerdotes

A cerimônia em que se consagravam os sacerdotes era celebrada na presença de todo o povo. Moisés ministrava como sacerdote oficiante. Todos os pormenores da cerimônia assinalam a transcendência de Deus. Ele está com seu povo, porém este não deve tratá-lo com familiaridade. Somente podem aproximar-se dele pelos meios que ele
prescreve. O pecado impede aos homens o aproximar-se da presença divina. Em uma cerimônia impressionante e muito bem preparada, Aarão e seus filhos foram ordenados para o
sacerdócio.
1.  Lavagem:  Foram submetidos a um banho completo que simbolizava a purificação interna sem a qual ninguém pode aproximar-se de Deus nem servir nas coisas sagradas.
2.  Entrega das vestes sagradas: Primeiro Aarão, o sumo sacerdote,
foi ataviado com as vestes santas. A magnificência dessas vestes indicava a dignidade do ofício de sumo sacerdote. As vestimentas deviam inspirar respeito aos ministros da religião. Os filhos de Aarão os  sacerdotes  comuns, foram  vestidos  com  vestes  brancas  que representavam "as justiças dos santos”.
3. A unção de Aarão e de seus filhos: Primeiro se derramou azeite sobre a cabeça de Aarão. Isto simbolizava  a unção do Espírito Santo. Os dons e a influência divina são indispensáveis ao exercício do ministério. No Salmo 133:2 indica-se a abundância do óleo com o qual foi ungido Arão simbolizando a unção do Messias (o Ungido) que recebeu o Espírito sem medida (Salmo 45:6, 7; João 3:34).

 Os sacrifícios de consagração:

As ofertas foram de quase todas as classes nomeadas por Deus.
a)  A oferta pelo pecado, o novilho da expiação, deu aos sacerdotes "uma expressão oportuna de seu sentido de indignidade, uma confissão pública e solene de seus pecados pessoais e a transferência de sua culpa à vítima típica".
b)  O carneiro do holocausto servia para mostrar que os sacerdotes se consagravam inteiramente ao serviço do Senhor.
c)  A oferta de paz, o carneiro das consagrações, dava a entender a gratidão que os sacerdotes sentiam ao entrar no serviço de Deus.
Aarão e seus filhos punham as mãos sobre os animais oferecidos em sacrifício, mostrando assim que eles se ofereciam a Deus.
O sangue do carneiro da consagração era posto sobre a ponta da orelha direita de Aarão, sobre o dedo polegar de sua mão direita e sobre o dedo polegar de seu pé direito. Assim seu ouvido devia estar atento à voz do Senhor, sua mão pronta para fazer o trabalho divino e seus pés prontos para correr no serviço do Rei celestial. Isto é, todo o seu ser devia estar "sob o sangue" e consagrado à obra de Deus. Finalmente, Moisés ofereceu oblações indicando a consagração  dos frutos de seus trabalhos.
O sangue dos sacrifícios foi espargido também sobre os móveis do tabernáculo a fim de santificá-los para o uso sagrado.

A festa do sacrifício

Esta encerrou a cerimônia. Ela enfeixava três significados: que os sacerdotes haviam entrado em uma relação muito íntima com Deus, que a força para cumprir os deveres de seu ofício lhes era dada por
aquele a quem serviam, pois comiam de seu altar, e que a festa era uma ação de graças por havê-los colocado em seu serviço, tão santo e exaltado.
A impressionante cerimônia de consagração dos sacerdotes durou sete dias. Durante esse período observaram-se cada dia os mesmos ritos observados no primeiro dia. Desta forma toda a congregação podia compreender quão santo é Deus e que foi ele próprio quem instituiu a ordem sacerdotal.

Irreverência dos sacerdotes

O pecado de Nadabe e Abiú: De que natureza foi o pecado destes dois filhos de Aarão? Parece que acenderam seus incensários não com fogo do altar de holocaustos, mas com fogo comum. Deveriam ter tomado fogo do altar, pois este foi enviado por Deus. Possivelmente haveria inveja e rivalidade entre eles porque ambos os jovens ofereceram  incenso simultaneamente. O sumo sacerdote ou um sacerdote comum podia oferecê-lo, mas parece que não se permitiam que dois oficiassem juntos. Demonstraram descuido das indicações concernentes ao culto e além disso irreverência e presunção ao fazer o que bem lhes parecia. Prestaram culto a Deus de uma forma não autorizada por ele. Esqueceram-se de que a glória e a bênção de Deus desciam sobre o tabernáculo mediante a condição em parte de uma cuidadosa atenção prestada às instituições divinas no tocante à sua
construção. Além disso, parece que haviam tomado vinho antes de ministrar, e assim perderam sua capacidade de discernir entre o santo e o profano. Daí em diante os sacerdotes não tiveram permissão para tomar vinho antes de ministrar as coisas sagradas.
A severidade do castigo: Foi o castigo demasiado severo? Os sacerdotes acabavam de ser investidos da autoridade sacerdotal e de presenciar a glória de Deus. Se descuidaram as instruções de Deus no princípio, que fariam no futuro? Sendo sacerdotes, deveriam ter sido mais responsáveis. Seu ato envolveu toda a nação, pois eram seus
representantes. Finalmente, a nação era muito jovem e acabava de ser inaugurada a dispensação do antigo concerto.
Israel precisava aprender que Deus é santo e que o homem não pode fazer a sua própria vontade e continuar a agradar-lhe.

Lições práticas:
a) Aos ministros se ensina que devem ter reverência, respeito e cuidado ao cumprir as instruções e o requisitos divinos. Nem o ofício divino em si, nem o êxito ministerial são escusos para descuidar as coisas espirituais.
b) Fica ilustrada a relação entre privilégio e responsabilidade: "A qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá" (Lucas 12:48).
c) Ensina-se quão grave é, à vista de Deus, substituir as coisas sagradas pelas carnais. Ao longo da história da igreja os homens têm substituído o evangelho simples com a tradição, o culto de coração com os ritos, a revelação com o racionalismo, o evangelho de salvação com o evangelho de boas obras e o fogo do Espírito Santo com o fogo da paixão religiosa.
d) O posto sagrado está acima das relações humanas mais íntimas. Aarão tinha de deixar todo sinal de luta para demonstrar sua lealdade a Deus.
e) Nenhuma pessoa é indispensável. A metade dos sacerdotes daquele tempo foi tirada, mas o culto do tabernáculo continuava.

Continuaremos posteriomente com a postagem dos demais capitulos restantes oportunamente. Amém.

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